sábado, 1 de agosto de 2015

Carência de mais, amor de menos

Certa vez alguém me confidenciou:         –Você é um  carente.
Ainda me recordo do meu último relacionamento de como tudo era metalizado, e, além disso, me recordo de como foi fácil me apegar ao que se materializava espontaneamente e me deixava encabulado a cada nova SMS e ligações nas horas inesperadas. É fácil ver o início de tudo com outros olhos e apontar os erros do que já se foi, agora,  que estamos sem ninguém, e que aquela peguete já dá sinais de que vai recusar seu próximo convite, para aquele show que tanto quer ir, mas não quer ir só, esperando segundas intenções no fim da noite.

Escrevo subentendida mente aos sábios homens meninos, que já entraram na casa dos 20 e poucos, que passam pelas crises da meia idade. Quando parece que seus amigos iniciam novos rumos, com diversas subdivisões, os que namoram os que deixaram de beber, os que se aproximaram de vez e fecharam o círculo, e você ficou de fora, os amigos da balada que te chamam vez ou outra, mas como alguém com medo de compromisso não te procuram para saber se você está bem, se precisa de um ombro amigo, esperam apenas curtir uma noite e lembrar de um passado recente.

-Oi - eu ligo
- Oi, quanto tempo, como tá?
- Muito mesmo, planos pra noite?
- Não...
- Tenho umas cortesias, para aquela balada que abriu agora. Passo ai às 11h?
- Não vai rolar, tenho que desligar.
A pior desilusão de alguém que por carência resolve entrar num relacionamento ‘’sem compromisso’’, é imaginar que o outro que aceita ser envolvido, será sempre sua última cartada. E quem não possui na lista do celular um número de emergência para aquela noite, em que está só, em que o seu desejo para acordar no outro dia transtornado depois de uma transa boa, sem pressa. A carência traz benefícios a quem sabe lidar com ela.

Em um momento tão apático depois de ter sentido que o amor é algo tão escasso e rápido, e constatar que relações sociais não são garantias eternas de companhia, a carência me convém. Não só a carência do sexo, mas a carência de amigos, diz-se que o amor é difícil de ser encontrado, eu acredito que amigos fiéis são mais. E estes só entram em nossas vidas quando nos 
permitimos de verdade – E daí que nos conhecemos por amigos de amigos, há dois meses e nos tratamos como melhores amigos? E daí que eu sou visto com aquela pessoa de sempre como se fosse uma roupa velha.
É engraçado o pré julgamento feito sobre isso, tenho amigos que me confidenciam excluir vez ou outra um amigo antigo, por imaginar o que irão pensar. Imaginar que tenham um hall de amigos supostamente baixo, ou algo semelhante. Não tenho vergonha de argumentar que hoje não possuo mais do que 5 verdadeiros, e que sou carente sim, mas valorizo estes com tudo o que posso. Para quem imagina que a vida gira em torno de quantas curtidas leva, ou quantas fotos foi marcada e quantas SMS trocou durante o dia, repense.

Por um mundo com mais carentes, que buscam companhias boas, que se entregam ao sexo como se fosse a última vez, e que se agarram aos amigos verdadeiros, mas que estão sempre abertos a novos amigos que sejam intensos. Pela carência que gera atitude e menospreza a monotonia do amor idealizado. 


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