segunda-feira, 6 de junho de 2016

Em cada esquina

Lá vai você, contornando a rua entrando naquela loja de presentes que eu sempre te prometi que iriamos.
Passei distraído, satisfeito depois de sair mais cedo da aula. Tava um sol forte, andava em ritmo lento, parei o carro no cruzamento, olhei pra direita e olhei para a esquerda. Um relapso de sinestesia me tomou, já fazem dois anos ou será que é menos¿ não sei.
Parei e como se observasse um fantasma, um fantasma branco de cabelos negros, pequeno e delicado, que se movia com os mesmos passos ligeiros, paralisei. Incrível os sentimentos que se afloram, como se o brilho de uma mente sem lembranças de repente iluminasse todo meu ser, e por uns instantes eu me perco sem saber onde estou, e onde vou, e no que pensava momentos antes.
Ela abre a porta da loja, empurrando-a com a mesma delicadeza que fazia para me afastar dela nas nossas brincadeiras bestas... Ela entra sem olhar pra trás, assim como da última vez que nos despedimos... Ah se você tivesse olhado pra trás, onde será que estaríamos agora¿ Entrando na loja juntos, ou indo te buscar em casa para nos irmos lá em casa assistir um filme, te olhar enquanto você magicamente preparava alguma coisa da minha geladeira... que eu só lembrava de ter catchup.
A porta se fecha, alguém buzina atrás de mim, e saio como se estivesse acordado de um sonho. São sentimentos que me fazem aquecer de novo as fagulhas que parecem não querer apagar.
Essa coisa de aprender a não ter sentimento nenhum por quem já passou pela sua vida devia vir com um guia. Ou pelo menos algumas casas como marco de que você tá evoluindo ou regredindo... como no jogo da vida.
Bem verdade, que hoje já não tenho vontade de te mandar mensagem, mas é duro ver você comentando em grupos de whats, não vou negar. É um misto de me importo e gostaria de saber como você tá, e um supera de vez isso.
A gente foi vivendo, se esquecendo, se apegando a outras pessoas, até trocamos confidencias como amigos... mas não deu certo.

É estranho imaginar almas que se entrelaçaram por tempos, que trocaram caricias, se entregaram em planos para mais de anos, que viraram um ser conjunto ao serem referidos na roda de amigos, serem hoje apenas duas pessoas que se incomodam em dividir o mesmo espaço em menos de 2 metros.


É obvio que o passado é passado, mas o que vivemos é o presente, e isso nenhum livro de auto ajuda vai poder refutar, e o passado esse não muda, mas o presente esse é a gente quem faz... E por isso hoje em dia não me julgo, quando me perco nesses pensamentos passados. Não me pego simplesmente pensando em coisas antigas, mas refletindo sobre o presente. As lições que tiro disso, só eu sei.

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