sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Folhas de papel

Eu sei, já tivemos essa conversa. Eu sei, que pra você de certa forma é um assunto encerrado, lacrado, fechado e exorcizado. Eu sei, que falar de finais e divagar de como cada um seguiu seu rumo parece ser inútil, e na verdade é, mas isso é outra história.

O que eu ainda não sei é lidar com isso tudo, o que eu não sei é imaginar o compartilhamento e a entrega de coisas tão nossas com outro alguém. Que agora sei quem. Será que você compartilha nossos segredos, faz juras, e o sorriso que você troca, é tão sincero quanto foi comigo? Na cama a satisfação é a mesma ou maior.

Talvez seja a velha história de que se cura feridas apenas a base de aperto, fogo, força, gritos, pele queimada e por fim a formação da cura, do alívio, da contemplação. Isso como se toda ferida precisasse de uma saga até ser cicatrizada.

Talvez isso tudo seja a tomada de um atalho, um caminho mais fácil para que alcance por fim o objetivo de todo término que é o esquecimento. Como numa construção de uma estrada, terraplanar a terra seca no verão, antes que o inverno chegue e molhe tudo de novo.

Já me disseram que a forma certa de encarar as coisas é deixar de querer virar uma página, mas sim querer um livro novo. Concordo. Mas até que ponto esse pragmatismo é viável, ou em matéria de pós-amor viremos todos nazistas?

O que eu sei é que a ferida é profunda, profana, mundana. Os motivos? Não sei, talvez por ainda sem querer na roda de amigos lembrar de ti, de mim, de coisas nossas, até mesmo quando brincam com alguém que fala com sotaque engraçado, ou quando observo alguém olhar o Menu com olhar sério ou simplesmente fechar os olhos e lembrar dos teus olhos negros como petróleo e ouvir dentro de mim sua gargalhada estranha, escandalosa e contagiante.

O que talvez eu precise mesmo é de comprar meu livro novo, um de capa grossa, e um título em caixa alta. Ou quem sabe um livro fino com figuras. Para ler nas tardes livres, ou enquanto deixo de lado as obrigações da faculdade para ter um momento só meu.

Quem sabe isso me tire essa ideia, que sabe-se lá por qual motivo, me pego pensando em voltar ao meu livro antigo, abrir e querer ler até o final dessa história, que não parece ter fim.

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